Vida de Santo Antônio

Resumo da Vida de Santo Antonio
Protetor dos pobres, o auxílio na busca de objetos ou pessoas perdidas, o amigo nas causas do coração. Assim é Santo Antônio de Pádua, frei franciscano português, que trocou o conforto de uma abastada família burguesa pela vida religiosa.
Contam os livros que o santo nasceu em Lisboa, em 15 de agosto de 1195, e recebeu no batismo o nome de Fernando. Ele era o único herdeiro de Martinho, nobre pertencente ao clã dos Bulhões y Taveira de Azevedo. Sua infância foi tranqüila, sem maiores emoções, até que resolveu optar pelo hábito. A escolha recaiu sobre a ordem de Santo Agostinho.
Os primeiros oito anos de vida do jovem frei, passados nas cidades de Lisboa e Coimbra, foram dedicados ao estudo. Nesse período, nada escapou a seus olhos: desde os tratados teológicos e científicos às Sagradas Escrituras.
Sua cultura geral e religiosa era tamanha que alguns dos colegas não hesitavam em chamá-lo de “Arca do Testamento”.
Reservado, Fernando preferia a solidão das bibliotecas e dos oratórios às discussões religiosas. Bem, pelo menos até um grupo de franciscanos cruzar seu caminho. O encontro, por acaso, numa das ruas de Coimbra marcou-o para sempre. Eles eram jovens diferentes, que traziam nos olhos um brilho desconhecido. Seguiam para o Marrocos, na África, onde pretendiam pregar a Palavra de Deus e viver entre os sarracenos.
A experiência costumava ser trágica. E daquela vez não foi diferente. Como a maioria dos antecessores, nenhum dos religiosos retornou com vida. Depois de testemunhar a coragem dos jovens frades, Fernando decidiu entrar para a Ordem Franciscana e adotar o nome de Antônio, numa homenagem à Santo Antão. Disposto a se tornar um mártir, ele partiu para o Marrocos, mas logo após aportar no continente africano, Antônio contraiu uma febre, ficou tão doente que foi obrigado a voltar para a casa. Mais uma vez, o céu lhe reservava novas surpresas. Uma forte tempestade obrigou seu barco a aportar na Sicília, no sul da Itália. Aos poucos, recuperou a saúde e concebeu um novo plano: decidiu participar da assembléia geral da ordem em Assis, em 1221, e deste modo conheceu São Francisco pessoalmente.
É difícil imaginar a emoção de Santo Antônio ao encontrar seu mestre e inspirador, um homem que falava com os bichos e recebeu as chagas do próprio Cristo. Infelizmente, não há registros deste momento tão particular da história do Cristianismo. Sabe-se apenas que os dois santos se aproximaram mais tarde, quando o frei português começou a realizar as primeiras pregações. E que pregações! Santo Antônio era um orador inspirado. Suas pregações eram tão disputadas que chegavam a alterar a rotina das cidades, provocando o fechamento adiantado dos estabelecimentos comerciais.
De pregação em pregação, de povoado em povoado, o santo chegou a Pádua. Lá, converteu um grande número de pessoas com seus atos e suas palavras. Foi para esta cidade que ele pediu que o levassem quando seu estado de saúde piorou, em junho de 1231. Santo Antônio, porém, não resistiu ao esforço e morreu no dia 13, no convento de Santa Maria de Arcella, às portas da cidade que batizou de “casa espiritual”. Tinha apenas 36 anos de idade.
O pedido do religioso foi atendido dias depois, com seu enterro na Igreja de Santa Maria Mãe de Deus. Anos depois, seus restos foram transferidos para a enorme basílica, em Pádua. O processo de canonização de frei Antônio encabeça a lista dos mais rápidos de toda a história. Foi aberto meses depois de sua morte, durante o pontificado de Papa Gregório IX, e durou menos de ano.
Graças a sua dedicação aos humildes, Santo Antônio foi eleito pelo povo o protetor dos pobres. Transformou-se num dos filhos mais amados da Igreja, um porto seguro a qual todos – sem exceção – podem recorrer. Uma das tradições mais antigas em sua homenagem é, justamente, a distribuição de pães aos necessitados e àqueles que desejam proteção em suas casas.

Homem de oração, Santo Antônio se tornou santo porque dedicou toda a sua vida para os mais pobres e para o serviço de Deus. Diversos fatos marcaram a vida deste santo, mas um em especial era a devoção a Maria. Em sua pregação, em sua vida a figura materna de Maria estava presente.

Santo Antônio encontrava em Maria além do conforto a inspiração de vida. O seu culto, que tem sido ao longo dos séculos objeto de grande devoção popular é difundido por todo o mundo através da missionação e miscigenado com outras culturas (nomeadamente Afro-Brasileiras e Indo-Portuguesas).

Santo Antônio torna-se um dos santos de maior devoção de todos os povos e sem dúvida o primeiro português com projeção universal.

De Lisboa ou de Pádua, é por excelência o Santo “milagreiro”, “casamenteiro”, do “responso” e do Menino Jesus. Padroeiro dos pobres é invocado também para o encontro de objetos perdidos.

Sobre seu túmulo, em Pádua, foi construída a basílica a ele dedicada.

 

A vida de Santo Antonio:

Do nascimento à Ordem de Santo Agostinho:

Santo Antônio nasceu em Lisboa, Portugal, dia 13 de setembro de 1191, e morreu com 36 anos, dia 13 de junho de 1231, nas vizinhanças de Pádua, Itália. Por isso, é chamado Santo Antônio de Lisboa e Santo Antônio de Pádua, um dos santos mais populares da Igreja, ‘o santo do mundo todo’ chamou Leão XIII.

Filho de Martinho de Bulhões e Teresa Taveira, de famílias ilustres, recebeu o nome de Fernando no batismo. Aos 15 anos, entrou no convento da Ordem dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho, nas proximidades de Lisboa. Aí ficou dois anos e pediu para ser transferido para o mosteiro de Santa Cruz em Coimbra, porque eram tantas as visitas de parentes e amigos, que perturbavam sua paz. Em Coimbra fez filosofia e teologia e foi ordenado padre.
O ingresso na Ordem dos Franciscanos:
Nesse mosteiro de Coimbra, se hospedaram os frades Franciscanos do convento de Santo Antônio dos Olivais, quando viajavam para converter os muçulmanos em Marrocos, na África. Pouco tempo depois, os restos mortais desses frades, martirizados em Marrocos, voltaram a Portugal, para o sepultamento desses heróis em Coimbra, onde morava o Rei de Portugal.

Nessa ocasião, ‘Santo Antônio’ sentiu grande desejo de evangelizar Marrocos e imitar os mártires. Por isso, no verão de 1220, entrou para a Ordem dos Franciscanos, mudou seu nome para Antônio, que era o titular do convento franciscano dos Olivais, e foi mandado para Marrocos No início de novembro de 1220, Antônio desembarcou em Marrocos, mas terrível enfermidade o reteve na cama todo o inverno e resolveram devolvê-lo para Portugal. O navio de volta a Portugal foi levado pelos ventos para a Itália. Desembarcou na Sicília e se dirigiu para Assis, onde se encontrou pela primeira vez com São Francisco. Então, participou de um Capítulo Geral da Ordem, que começou a 20 de maio de 1221, em Assis.

Não demorou para se revelar como excelente orador e pregador, em setembro de 1221, fazendo o sermão em Forli, na ordenação sacerdotal de franciscanos e dominicanos. Surpreendeu o Provincial e todos ficaram maravilhados.

Por isso, o Provincial o encarregou da ação apostólica contra os hereges na região da Romanha e no norte da Itália, quando se tornou extraordinário pregador popular. Em Rimini, os hereges impediam o povo de ir aos seus sermões. Então, apelou para o milagre. Foi à costa do Adriático e começou pregar aos peixes, que acorreram em multidão, mostrando a cabeça fora da água. Este milagre invadiu a cidade com entusiasmo e os hereges ficaram envergonhados.

Após alguns anos de frade itinerante, foi nomeado, por carta, por São Francisco, o primeiro ‘Leitor de Teologia’ da Ordem. Mas, este magistério de teologia para os franciscanos de Bolonha demorou pouco porque o Papa mobilizou todos os pregadores dominicanos e franciscanos para combater a heresia albigense na França.

Por isso, passou três anos, lecionando, pregando e fazendo milagres no sul da França – Montpellier, Toulouse, Lê Puy, Bourges, Arles e Limoges. Como ocupava o cargo de custódio do convento de Limoges, foi para Assis participar do Capítulo Geral da Ordem, convocado por Frei Elias, a 30 de maio de 1227. Nesse Capítulo foi eleito Provincial da Romanha, cargo que ocupou com êxito até 1230. Em 1229, foi morar com os seus irmãos franciscanos, perto de Pádua, no convento de Arcella, em Camposampiero.

A morte de Santo Antonio:
Nesse lugar retirado, a pedido do Cardeal de Óstia, dedicou-se a escrever os sermões das festas dos grandes santos e de todos os domingos do ano. Mas sempre saia para pregações, por exemplo, durante a Quaresma, até morrer, por uma hidropisia maligna, na sexta-feira, de 13 de junho de 1231.

Foi tanta a repercussão de sua morte e tantos os milagres, que, onze meses após sua morte, foi canonizado pelo Papa Gregório IX. Em 1263, quando seu corpo foi exumado, sua língua estava intacta e continua intacta até hoje, numa redoma de vidro, na Basílica de Santo Antônio, em Pádua, onde estão seus restos mortais.

Mais tarde, em 1934, foi declarado Padroeiro de Portugal. E em 1946, o Papa Pio XII proclamou Santo Antônio ‘Doutor da Igreja’, com o título de ‘Doutor Evangélico’. Santo Antônio não perdeu sua atualidade e é invocado pelo povo cristão, até hoje, para curar doença, achar coisa perdida e ajudar no casamento.

 

Devoções a Santo Antonio:

É invocado como protetor de coisas perdidas, porque em Montpellier, na França, onde lecionava e pregava, um noviço franciscano saiu do convento e roubou seus comentários escritos sobre os salmos. Ele rezou para que o ladrão lhe devolvesse a preciosa obra. Arrependido, o ladrão voltou e lhe devolveu o livro manuscrito. Daí o fato de ser invocado para encontrar coisas perdidas.

Também, na França, uma senhora de Toulouse, por ter alcançado uma grande graça, por intercessão de Santo Antônio, resolveu levar pães à igreja, para que fossem abençoados e distribuí-los aos pobres. Daí vem à tradição de se abençoar os pães de Santo Antônio, no dia 13 de junho, para se crescer no amor para com os pobres e para se buscar a restituição da saúde a muitos de nossos doentes.

A devoção a Santo Antônio teve desenvolvimento popular surpreendente. O folclore brasileiro e italiano é rico em alusões ao poder milagroso do santo para casamento e para encontrar coisa perdida. O fato é que Santo Antônio não decepciona nunca seus devotos.

Em 1981, para celebrar 750 anos da morte de Santo Antônio, foi aberto seu túmulo, seu esqueleto estava sem carne e muito bem conservado, sem o antebraço esquerdo e o maxilar inferior, tirados para relíquia em séculos passados. Mereceu 9 geniais sermões do padre Antônio Vieira.

Biografia de Santo Antônio de Pádua
1195: Nasce em Lisboa, filho de Maria e Martinho de Bulhões. É batizado com o nome de Fernando. Reside na frente da Catedral.

1202: Com sete anos de idade, começa a freqüentar a escola, um privilégio raro na época.

1209: Ingressa no Mosteiro de S. Vicente, dos Cônegos Regulares de S. Agostinho, perto de Lisboa. Torna-se agostiniano.

1211: Transfere-se para Coimbra, importante centro cultural, onde se dedica de corpo e alma ao estudo e à oração, pelo espaço de dez anos.
1219: É ordenado sacerdote. Pouco depois conhece os primeiros franciscano, vindos de Assis, que ele recebe na portaria do mosteiro. Fica impressionado com o modo simples e alegre de viver daqueles frades.

1220: Chegam a Coimbra os corpos de cinco mártires franciscanos. Fernando decide fazer-se franciscano como eles. É recebido na Ordem com o nome de Frei Antônio, enviado para as missões entre os sarracenos de Marrocos, conforme deseja.

1221: Chegando a Marrocos, adoece gravemente, sendo obrigado a voltar para sua terra natal. Mas uma tempestade desvia a embarcação arrastando-a para o sul da Itália. Desembarca em Sicília. Em maio do mesmo ano participa, em Assis, do capítulo das Esteiras, uma famosa reunião de cinco mil frades. Aí conhece o fundador da Ordem, São Francisco de Assis. Terminado o Capítulo, retira-se para o eremitério de Monte Paolo, junto dos Apeninos, onde passa 15 meses na solidão contemplativa e no trabalho braçal. Ninguém suspeita da sabedoria que aquele jovem frade português esconde.

1222: Chamado de improviso a falar numa celebração de ordenação, Frei Antônio revela uma sabedoria e eloqüência extraordinárias, que deixam a todos estupefatos. Começa sua epopéia de pregador itinerante.

1224: Em brevíssima Carta a Frei Antônio, São Francisco o encarrega da formação teológica dos irmãos. Chama-o cortesmente de “Frei Antônio, meu bispo”.

1225: Depois de percorrer a região norte da Itália, passa a pregar no sul da França, com notáveis frutos. Mas tem duras disputas com os hereges da região.

1226: É eleito “custódio” na França e, um ano depois, “provincial” dos frades no norte da Itália.

1228: Participa, em Assis, do Capítulo Geral da Ordem, que o envia a Roma para tratar com o Papa de algumas questões pendentes. Prega diante do Papa e dos Cardeais. Admirado de seu conhecimento das Escrituras, Gregório IX o apelida de “Arca do Testamento”.

1229: Frei Antônio começa a redigir os “Sermões”, que hoje possuímos impressos em dois grandes volumes.

1231: Prega em Pádua a famosa quaresma, considerada como o momento de refundação cristã da cidade. Multidões acorrem de todos os lados. Há conversões e prodígios. Êxito total! Mas Frei Antônio está exausto e sente que seus dias estão no fim. Na tarde de 13 de junho, mês em que os lírios florescem, Frei Antônio de Lisboa morre às portas da cidade de Pádua. Suas últimas palavras são: ” Estou vendo o meu Senhor “. As crianças são as primeiras a saírem pelas ruas anunciando: “Morreu o Santo”.

1232: Não tinha bem passado um ano desde sua morte, quando Gregório IX o inscreveu no catálogo dos santos.

1946: Pio XIII declara Santo Antônio Doutor da Igreja, com o título de “Doutor Evangélico”.

 

Alguns Milagres:
Santo Antônio é sem dúvida o “Santo dos Milagres”. A sua taumaturgia – relação de milagres – iniciada em vida com uma pluralidade de milagres que lhe valeram a canonização em menos de um ano, é, na história da Igreja, a mais vasta e variada.

De Santo casamenteiro a santo restituidor do desaparecido, passando por livrador das tentações demoníacas, a Santo Antônio tudo se pede. Citaremos abaixo alguns dos milagres operados por ele.

1 – Santo Antonio prega aos peixes. Reza a lenda que estando a pregar aos hereges em Rimini, estes não o quiseram escutar e viraram-lhe as costas. Sem desanimar, Santo Antônio vai até à beira da água, onde o rio conflui com o mar, e chama os peixes a escutá-lo, já que os homens não o querem ouvir. Dá-se então o milagre: multidões de peixes aproximam-se com a cabeça fora de água em atitude de escuta. Os hereges ficaram tão impressionados que logo se converteram. Este milagre encontra-se citado por diversos autores, tendo sido mesmo objeto de um sermão do Padre Antônio Vieira que é considerado uma das obras-primas da literatura portuguesa.

2 – Santo Antônio livra o pai da forca. Tinha havido um crime de morte em Portugal, onde nascera Santo Antônio. Todas as suspeitas do crime recaíam sobre o pai do santo. Chegou o dia do julgamento. Os juízes estavam reunidos para proferir a sentença condenatória.

Assentado ali no banco dos réus, seu pai não podia se defender. Nesse momento Santo Antônio estava fazendo um sermão numa igreja da Itália. Conta-se que, em dado instante, ele interrompeu o sermão e ficou imóvel, como se estivesse dormindo em pé. Durante esse mesmo tempo foi visto na sala do júri, em Portugal, conversando com os juízes. Entre outras coisas, disse-Ihe o santo: Por que tanta precipitação? Posso provar a inocência do meu pai. Venham comigo até o cemitério. Aceitaram o convite. Frei Antônio mandou abrir a cova do homem assassinado e perguntou ao defunto: “Meu irmão, diga perante todos, se foi meu pai quem matou você”. Para espanto dos juízes e de todos que ali estavam, o defunto abriu a boca e disse devagar, como se estivesse medindo as palavras:

“Não foi Martinho de Bulhões quem me matou”. E tornou a calar-se. Estava provada de maneira milagrosa a inocência do seu pai. Mais uma vez a verdade triunfou sobre a mentira e a calúnia. Operou-se aí dois fatos milagrosos, a bilocação, ou ato de uma pessoa estar (por milagre) em dois locais ao mesmo tempo, e o poder de reanimar os mortos.

3 – Com o Menino Jesus nos braços: Outro milagre, também reportado na crônica do Santo, ocorre já no fim da sua vida e foi contado pelo conde Tiso aos confrades de Santo Antônio após sua morte. Estando o Santo em casa do conde Tiso, em Camposampiero, recolhido num quarto em oração, o conde, curioso, espreita pelas frinchas de uma porta a atitude de Frei Antônio; depara-se então uma cena miraculosa: a Virgem Maria entrega o Menino Jesus nos braços de Santo Antônio. O menino tendo os bracinhos enlaçados ao redor do pescoço do frade conversava com ele amigavelmente, arrebatando-o em doce contemplação. Sentindo-se observado, faz conde Tiso jurar que só contaria o visto após a sua morte.
4 – Alguns hereges resolveram matar Santo Antônio, envenenando-o. Convidaram-no certo dia a comer com eles, dando como pretexto debater alguns artigos da Fé. Santo Antônio nunca se negava a comparecer a essas disputas e polêmicas. Os hereges puseram diante dele, entre outros pratos, um que continha veneno mortal. Antes que o tocasse, Deus revelou-lhe a cilada e o Santo, conservando toda a calma, repreendeu os hereges pela traição que lhe faziam. Vendo descoberto seu intento perverso, não se abalaram e responderam cinicamente: “É verdade que esse prato tem veneno, mas nós o colocamos aí porque desejamos fazer uma experiência: no Evangelho está escrito que Jesus Cristo disse aos seus discípulos que ainda que tomassem veneno mortal nenhum mal sofreriam, e estamos querendo saber se és de fato discípulo de Cristo”. Santo Antônio fez o sinal da Cruz sobre aquele prato e o comeu com apetite, saboreando a comida envenenada como se fosse alimento saudável, e nada sofreu, deixando mais uma vez os hereges confusos e assombrados.
5 – No domingo de Páscoa, enquanto pregava na Catedral, Santo Antônio lembrou-se de que fora designado para entoar a Aleluia, na Missa que se celebrava naquele momento na Igreja do Convento franciscano. Não querendo faltar com a obediência e não podendo descer do púlpito, parou um pouco, calou-se como se estivesse retomando a respiração e, nesse momento foi milagrosamente visto no Coro de seu convento, entoando a Aleluia. Esse prodigioso milagre de bi-locação foi visto e certificado por testemunhas, e logo se divulgou, aumentando em todos os locais a veneração pelo grande taumaturgo. Isso, evidentemente, resultou em ainda maior proveito para seu trabalho apostólico.

6 – Num dia de festa, em Limoges, Santo Antônio pediu licença para pregar numa igreja paroquial. Como era imensa a sua fama, juntou-se tanto povo que não cabia no recinto, e foi obrigado a pregar em praça pública. Mal havia começado o sermão, os céus se escureceram, e principiaram relâmpagos e trovões, anunciando tempestade próxima. O povo, atemorizado, começou a murmurar e já se dispunha a sair dali em busca de abrigo. Mas Santo Antônio pediu silêncio e, em nome de Deus, assegurou que não choveria naquele local, recomendando a todos que ficassem atentos à pregação. Tranqüilizados, os fiéis ouviram o sermão até o fim. Quando se retiravam para suas casas verificaram, com muita admiração, que embora estivesse perfeitamente seco o local da pregação, todas as redondezas estavam completamente alagadas pela tempestade.

7 – Em meio a um sermão de Santo Antônio, entrou um louco que, com vozes e gestos desordenados, perturbava os ouvintes, que não conseguiam prestar atenção nas palavras do pregador. De repente, em meio à agitação, o louco disse: “Não sossegarei enquanto aquele homem (e apontou para Santo Antônio) não me der o cordão que usa na cintura”. O Santo retirou o cordão e com ele envolveu o louco, que foi imediatamente curado e adquiriu juízo perfeito.

8 – Quando pregava em Briba, uma senhora, na pressa de ir ouvi-lo, deixou sobre o fogo um caldeirão com água, sem se lembrar que seu filho pequeno ficava sozinho em casa. Ao chegar da pregação, viu com horror que o menino havia caído dentro do caldeirão e que a água estava fervendo. Bem se pode imaginar os gritos de desespero que deu a pobre mãe! Nem se atrevia a se aproximar, certa de se encontrar a inocente vítima horrivelmente queimada e morta. Mas, cheia de fé em Santo Antônio, invocou-o e quando chegou o filho estava são e salvo, brincando e pulando na água fervente, sem que esta lhe fizesse mal.

9 – Vinha Frei Antônio de uma aldeia, carregado e muito cansado, quando encontrou no caminho um carroceiro que levava no veículo um homem adormecido. O Santo pediu-lhe por amor de Deus que levasse nele alguns víveres que ele e seu companheiro haviam recebido de esmola para o sustento da comunidade e que traziam penosamente às costas. O carroceiro respondeu de modo rude que não podia, porque estava conduzindo um defunto no carro. O Santo acreditou, rezou pelo descanso eterno da alma do falecido e continuou seu caminho. Qual não foi o espanto do carroceiro quando, mais tarde, foi acordar o amigo que supunha adormecido e o encontrou realmente morto! Cheio de confusão e arrependimento, foi em busca de Santo Antônio e prostrou-se aos seus pés, pedindo-lhe humildemente perdão. Frei Antônio se compadeceu do homem, aproximou-se da carroça e, depois de uma curta oração, fez o sinal da Cruz sobre o cadáver e o restituiu milagrosamente à vida.

10 – Aproximou-se dele uma mulher, trazendo nos braços um filho paralítico de nascença, e rogando em altos brados que o curasse. O Santo manifestou certo desagrado por aquela forma ruidosa de pedir algo que o repugnava a sua humildade, mas a mulher não se calou. Tanto ela pediu e suplicou, auxiliada por Frei Lucas, que na ocasião acompanhava o Santo, que este, afinal, se deixou vencer e fez sobre o menino paralítico o sinal da cruz, curando-o imediatamente. Com modéstia, atribuiu o milagre não à sua virtude, mas à fé da boa mulher e recomendou-lhe que não contasse o ocorrido à ninguém enquanto ele fosse vivo.

11 – Um jovem chamado Leonardo confessou-se com o Santo e acusou-se de ter, levado pela cólera, dado um pontapé em sua mãe. Frei Antônio, para fazê-lo compreender a gravidade do pecado que cometera, disse-lhe: “Teu pé bem merecia ser cortado”. Essas palavras impressionaram tão fortemente o jovem, que este,chegando a sua casa, aterrado com o que fizera, cortou fora o pé, o qual, caindo com ruído no chão, fez com que sua mãe acorresse para ver o que estava acontecendo. Horrorizada com a cena e por saber as razões pelas quais o filho assim procedera, correu logo a procurar Frei Antônio, que foi à casa do rapaz. Comovido pelo estado em que o encontrou, quase à beira da morte pelo sangue perdido, animou-o a ter confiança em Deus. O rapaz se reanimou e o Santo, pegando o pé cortado, recolocou-o no lugar. Imediatamente se reuniram na perfeição os ossos, os nervos, as artérias, os músculos, a carne e a pele. O sangue voltou a circular, cessaram as dores e só ficou um sinal do golpe, em testemunho do grande milagre sucedido.

12 – Em Arezzo vivia um homem nobre, mas tão colérico que quando se irritava parecia ter perdido o juízo. A esposa, senhora de muito siso e prudência, teve um dia a infelicidade de proferir umas palavras que encolerizaram o marido, a tal ponto que ele se atirou sobre ela a maltratou cruelmente, chegando a lhe arrancar os cabelos. Aos gritos da infeliz acorreram os vizinhos, socorrendo-a e deixando-a quase morta na cama. O marido, depois de serenar, envergonhou-se do que tinha feito. Lembrando-se da fama de Santo Antônio, foi procurá-lo e, arrependido, pediu que o ajudasse. O piedoso Santo foi logo procurar a senhora, abençoou-a, e fez-lhe o sinal da Cruz e se pôs a rezar. Pouco a pouco ela foi recuperando o antigo vigor e, por milagre insigne, quando se ajoelhou aos pés do Santo reapareceu-lhe todo o cabelo.

13 – D. Inácio Manrique, Bispo de Córdoba e Inquisidor Geral da Espanha, muito devoto de Santo Antônio, possuía um anel que estimava grandemente. Certo dia notou a falta dele: ou o tinha perdido, ou o tinham furtado. Passou-se muito tempo sem que o anel aparecesse. Um dia, estava o Prelado à mesa com alguns senhores seus parentes, quando casualmente se falou no poder de Santo Antônio para encontrar bens perdidos. Disse então o Bispo: “Tenho recebido grandes favores do Santo, mas ele ainda não ouviu as súplicas que lhe tenho feito para achar um anel que perdi”. Mal tinha acabado de proferir essas palavras quando o anel desaparecido caiu no meio da mesa, à vista de todos, sem que ninguém soubesse explicar de onde vinha…
Protetor dos Matrimônios
No tempo em que Santo Antonio viveu, a organização política era muito diferente da que temos hoje. Vivia-se a Idade Média, e a divisão política não era formada de países soberanos. Cada cidade tinha seus líderes e eles exerciam esta autoridade naquela cidade e nas redondezas. Algumas cidades estavam ligadas à autoridade do Papa, enquanto outras estavam ligadas ao Imperador do Sacro Império.
Frei Antonio não se interessava muito por tudo isso, mas ficava preocupado quando via injustiças. De uma atitude de frei Antonio numa situação dessas é que vem a sua fama de Casamenteiro, ou Protetor dos Matrimônios.
Havia em Pádua, um tirano de nome Ezzelino, que baixara um decreto, pelo qual as pessoas, para se casar, deveriam levar idêntico dote. Assim, rico sempre casaria com rico, e pobre com pobre. Casava-se mais com a “carteira” do que com o coração. A população da cidade revoltou-se e frei Antonio enfrentou o tirano em praça pública. E tal foi a força de sua argumentação que Ezzelino foi obrigado a revogar o estapafúrdio decreto.
Dizem que frei Antonio foi carregado em triunfo e, desde então, é aclamado como o “Santo Casamenteiro” ou “Protetor dos Matrimônios”.